sábado, 14 de novembro de 2015

O desafio de Crave - Sarah Kane.

     
      





            
       Essa história é típica do teatro. Estava fazendo assistência de produção de espetáculos acadêmicos, pois produção é uma área complexa mas muito necessária em nosso ramo e que tive um contato tímido durante o curso, no sentido profissional. Apenas no último período que pude compreender um pouco melhor essa área através de aulas específicas sobre isto. Porém, em minha defesa, quando se fala de amadorismo, confesso que auxiliei na produção de diversos espetáculos. 


               Me surpreendi muita vezes com a magia que ocorre por trás de cena para que tudo ocorra bem em cena! As vezes até acho que uma pessoa entediada deveria entrar no backstage de qualquer teatro um dia e com certeza sairia diferente. O público nunca saberá quanta coisa ocorre para teatro acontecer, mas também acho que faz parte da magia não revelar os segredos. 

      
   
                 Enfim - retorno ao tópico em meio as minhas voltas e viagens - estava fazendo assistência de produção do espetáculo Crave, ou Ânsia em português, da autora Sarah Kane. E eis que faltando poucos dias para a estréia um ator precisa se afastar devido a uma cirurgia de emergência no apêndice, ou a famosa apendicite. O diretor, sem pensar duas vezes, comunica a turma que eu vou substituir o mesmo, sim, para minha surpresa, antes mesmo do ano acabar eu entraria em cena novamente. 

                Esta é a segunda vez que sou chamado para substituir um ator faltando pouco tempo para estréia, acho que faz parte do meu karma... Pedi muita força a minha fé e meus amigos. Tive um suporte sensacional e um emocional muito centrado. Pude me dedicar com cuidado e surpreendentemente decorei o texto com um facilidade assustadora. Acho que o teatro quando sente que o espetáculo está correndo o risco de não acontecer, abraça qualquer um que apareça para ajudar, seja da forma que for. 

                          
            
            O espetáculo pós moderno de Sarah Kane trazia particularidades nunca antes vividas por mim em qualquer outro personagem ou peça. Os atores deveriam ficar de pé durante praticamente uma hora de espetáculo, e não existia contra-cena mas sim um diálogo direto com a platéia, algo que para mim foi muito desafiador, penetrar no olhar daquele que nunca ou raramente encarei durante meu ofício. Algo que exigiu uma concentração e uma força surreais. 

             Foi muito importante para mim passar por todo esse desafio como pessoa e como profissional. Recebi um acolhimento dos colegas de trabalho e do diretor que me facilitou muito durante o percurso. Fora uma grande parceira que tem me ajudado em diversos aspectos. Acredito que tudo isto foi imprescindível para que ocorresse tudo da forma que ocorreu.

                            

             Não posso deixar de relatar que na minha última apresentação acabei me sentindo fraco e tive que sair de cena, o que me conforta é que deveriam faltar apenas 10 minutos de espetáculo, e por sorte o ator que eu estava substituindo estava na platéia e sabia o texto. Eu me senti fraco desde o meio do espetáculo e resisti até meu máximo, mas se eu não saísse de cena eu cairia no chão.. e o que não ocorreu em cena ocorreu assim que saí dela. Cai na coxia e lá fiquei até o espetáculo acabar e o elenco me encontrar desmaiado no chão.

                         
      
              Acredito que a soma de iluminação muito forte, ar condicionado razoavelmente fraco e figurino pesado tenham contribuído para esse resultado. Fora o nervosismo de entrar em cena com poucos dias de ensaio. Mas não me machuquei e estou bem, firme, forte e grato por tudo que vivi. 



              Esse post eu dedico aos responsáveis pelo desafio enfrentado, a todos que me auxiliaram direta ou indiretamente no processo, a essa parceira que trouxe uma nova energia para mim, aquele leitor que me mandou um e-mail revigorante sobre a importância de meus relatos aqui, aqueles que cuidaram de mim quando me encontraram desmaiado. A todos vocês, muito obrigado de coração!



quinta-feira, 25 de junho de 2015

Geração Trianom

     


  Este foi, sem sombra de dúvidas, o espetáculo acadêmico que mais me diverti fazendo, ocorreu exatamente no meio do curso, aquele período que já acreditamos ter conquistado uma confiança que a cada dia vejo como mais necessária para vivenciar os prazeres da cena.
       Uma pena que na época só consegui fotos, mas recentemente recebi o CD da filmagem do espetáculo e, apesar de não ser fã de teatro filmado, gostei do que vi, espero que vocês também gostem. Tem um tópico antigo aqui no blog, da época que estava em cartaz com essa peça, explicando o que foi a "Geração Trianon".
       É uma peça muito gostosa, divertida, rica teatralmente e muito histórica. Por que eles foram história. Bom demais poder representar quem fez nosso trabalho no passado. Foi forte, foi gostoso, foi um momento inesquecível. Não se esqueçam que o diretor quis alterar os gêneros, então homem faziam mulheres e vice-versa.





 "Em 1933 o Teatro Trianon deixou de existir. E aqueles atores, aquelas vozes, aqueles timbres, aqueles corpos, aquelas emoções, aqueles sentimentos, se transformaram em espectros, fantasmas. Fumaça, poeira... E pó. O Trianon passou a se chamar: Cineac Trianon, uma sala que exibia documentários, animações e curta metragens em sessões contínuas, filmes que marcaram os anos 40,50 e 60, a vida de muitos cariocas. Depois a especulação imobiliária pôs abaixo o antigo edifício e em seu lugar ergueu um arranha- céu, cheio de escritórios. Os papeis amarelados que ontem registravam as comédias e dramas ingênuos, se transformaram em : contratos, manuais, promissórias, letras de câmbio e cédulas, notas e dinheiro. Hoje o local onde o glorioso Teatro Trianon abrigava sua bilheteria e salas de espera, deu lugar aos caixas eletrônicos, aos rostos sem expressão dos seguranças de Banco. Foi o progresso, ou não? Não sei, mas nós que buscamos a fantasia e o delírio, acreditamos que talvez nada daquilo tenha se acabado. Quem sabe o Trianon e a sua talentosa geração, não tenha encontrado no país da inocência e do sonho o seu verdadeiro lugar?"



Dedico esta publicação a minha personagem; Dona Julinha! Ela mal sabe o quanto me ensinou!
Como, aliás, todos os personagens pelo qual passamos em nossa vida artística.
Sempre nos deixam algo.
Carinho, arte.

Pedro.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Formado!

              Me mudei para o Rio em 2012. Aparentemente "o mundo acabaria" (risadas)... Coisa que não aconteceu, mas mesmo se acontecesse eu estava feliz demais indo atrás de meus sonhos. Cheguei no Rio, uma cidade particular, com uma vida longa e muita história pra ensinar. 
              O que aprendi nesse período? Um pouco sobre a arte, um pouco sobre a profissão, um pouco sobre os caminhos que pretendo seguir. Mas aprendi muito sobre persistir, viver, crescer, se conhecer e amadurecer. Passei por verdadeiros exemplos da minha profissão. Mestres que não tem uma vida fácil e que realmente amam aquilo que fazem. Muitos deles são minha inspiração e eu queria que todos - de alguma forma - conhecessem suas histórias de vida.

              Posso dizer que me surpreendi com minha dedicação, nunca fui um aluno exemplar na escola e todos os amigos e parentes estão aí para provar... Ainda mais se eu não ia com a cara da matéria ou professor. Isso mudou um pouco quando iniciei Relações Internacionais, eu já estava mais maduro, gostei muito do curso mas ainda não era 'aquilo'.
                 Uma mensagem que quero deixar claro e que já discorri algumas vezes aqui no Blog: a partir do momento que nos encontramos - acadêmica e profissionalmente - não existem empecilhos; o estudo vira prazer, as horas não são perdidas, os trabalhos não dão trabalho. Pelo contrário, tudo te alimenta, te recarrega, energiza, você sente necessidade de estar presente naquilo sempre.
                O que aprendi nesse período valeu por uma vida inteira, todas as peças que li, livros, poesias, textos, pesquisas, trabalhos, danças, assistências... Foram de grande valia. Cheguei com uma cabeça, um corpo e um objetivo. Saio com outra cabeça, outro corpo e muitos objetivos novos! Viva a arte, viva a vida!





           


                  Como dizia na peça: "O caminho continua aberto, mas não há guia nem viajante."

terça-feira, 24 de março de 2015

Ensaio Manifesto




"Vivemos em um país onde os ricos pedem esmolas e os pobres dão sempre a gorjeta"


        Com base nesse tema, fiz um trabalho fotográfico com parceiros de muita coragem e humildade. O local escolhido para o ensaio foi a estação de trem do Complexo de Manguinhos, uma das grandes comunidades do Rio de Janeiro.  
Acredito que as fotos são um trabalho quase que auto-suficiente, em alguns casos elas dizem por si só, sem precisar de muitas explicações ou legendas. Esse trabalho não é diferente, feito com a intenção de manifestar questões sempre tão evidentes.

























                Gostaria de agradecer a Fotógrafa Luiza Horta pelo profissionalismo, coragem, dedicação e sensibilidade. Layanne Cardoso por mais uma vez participar de um ensaio fotográfico como modelo. Lunardo Giordani pela produção e execução de tarefas mais que necessárias! Sem vocês, não seria possível.



domingo, 15 de março de 2015

BACK TO 70S

        Acredito que grande parte das pessoas sempre admirou muito as gerações que vieram antes das suas respectivas. Eu não fujo a regra, sempre gostei muito do estilo, música, arte, e por ai vai... Dos anos sessenta, setenta e oitenta. E isso de alguma forma sempre me despertou a vontade de fazer algo relacionado a isso, peça, filme, novela, ensaio, o que for...
        Então, objetivo alcançado em 2015! Aqui está a primeira experiência fotográfica que tive com esse contexto histórico tão forte e influente. As fotos foram realizadas por um colega profissional muito dedicado, Luan Rodrigues, e quem topou essa aventura comigo foi outra colega, atriz também, Layanne Cardoso. Segue abaixo o resultado disso, algumas, por que se eu colocasse todas ficaria pesado demais... 


                                                  







        Outra hora eu coloco mais algumas, para vocês... Um grande beijo na família, nos amigos e bom final de semana a todos!

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

BUKOWSKI - BICHO SOLTO NO MUNDO


              Voltando aos poucos ao Blog galerinha, as fotos da última peça que participei demoraram mas chegaram, cá estão...
              Para aqueles mais antenados - e também para os de memória fraca - eu cheguei a fazer um post contando quais personagens eu faria na peça e até coloquei uma foto de cada (fiz 5) para localizar vocês melhor, só voltar um pouquinho para ver se quiser. Mas confesso que nada como fotos com as pessoas da peça mesmo...
Início da peça - Carniceiro

              Ficaram muito bacanas as fotos, um trabalho desafiador, uma direção distinta, nova, com um processo incrível. Algo que acrescentou muito na minha carreira, na vida pessoal, acho que foi um divisor de águas, por ter sido um dos períodos mais conturbados da minha vida até o momento. 
               Fazia um tempo que eu já vinha querendo experimentar como seria construir não apenas um personagem para ser aprofundado durante um processo de ensaios, e nesse processo eu tive a oportunidade de construir cinco personagens, algo que me gerou um desafio atormentador mas muito divertido em diversos momentos...
                    Foi um processo de aprendizado de 'coxia' também, algo que não passava faz um tempo, ficar mais recolhido, o que gera atenção. É muito difícil voce sair de cena "quente" (a gente fala assim) e voltar com a mesma temperatura que saiu ou mais ainda... Isso exige uma concentração e capacidade tremendas. Algo surreal. Mas valeu!
                           


Início da peça - Carniceiro
Segundo personagem - Funcionário Editora
 


Terceiro personagem - Cara da gangue


Quarto personagem - Mendigo
 

Quinto personagem - Travesti dona de hotel barato


Quinto personagem - Travesti dona do Hotel
                  Bom gente, tentei selecionar algumas das milhaaaaares de fotos muito bacanas que foram tiradas, estão aí as sortudas, espero que vocês gostem como diz a música: "foi bonito foi, foi gostoso foi" ... Mas agora é correr atrás de novos desafios, ano de formatura aí! Espero que vocês possam vir me ver no final de março inicio de abril!!! Estão todos mais que convidados!!!