DUQUE.
Descansa. O corpo que um dia já fora musculoso e ágil encolhe-se em trapos de uma antiga toalha de banho. O marrom brilhante de sua pelagem o abandonou. Algumas verrugas, calos e machucados o acompanham pela pele. O branco que antes contornava apenas os dedos de suas patas, e lhe conferia charme com uma bela mancha derramada em seu peito forte, agora é preponderante em sua cabeça. As patas dianteiras continuam musculosas e respondendo bem aos seus comandos, ao contrário das traseiras que, de forma lenta e pesarosa, sustentam seu quadril. Caminha como que arrastando-se, tornando literal a máxima que afirma que a idade pesa. Existem dias em que parece estar somando o peso da idade, da gravidade e do mundo em seus magros e ossudos quadris. Caminha vagarosamente, sem pressa alguma. Ele não consegue mais urinar como os machos urinam. Ao urinar me encara com um olhar triste. Ele pode não estar pensando em nada, pode ser só a minha mente, mas absorvo um sentimento de derrota e certa humilhação sentida por ele, pelo fato de ter que se agachar sob as patas traseiras ao urinar. Sua pata dianteira direita está inchada entre os dedos, e isto notavelmente o incomoda diariamente. Nos últimos meses ele está com dificuldades para dormir. Tenho para mim que são dores. Dores físicas acompanhadas do medo do abandono. Sentir dor sozinho aumenta sua intensidade. Já venceu algumas cirurgias e um câncer. Este último comprometeu sua audição, antes tão atenta e precisa. Ao menor barulho suas orelhas se mexiam. Ele distinguia ‘porta abrindo’ de ‘carona para o banho’, ou ‘mãe chegando com compras’; ‘jornal’; ‘carteiro’ e ‘perigo’. Comicamente sua audição pareceu tornar-se algo conveniente agora, pois ele só escuta quando quer. Os olhos castanhos tornaram-se um pouco azulados e desfocados. O brilho não é mais o mesmo. Ele só enxerga e discerne sombras. Sua respiração é lenta e desacelerada. Alguns roncos esporádicos e aleatórios demonstram como sua saúde está instável. Ao deitar-se aproveita para se coçar esfregando suas patas em sua cabeça e seu tronco no chão. Parece algo prazeroso. Durante a noite sou acordado, ou meu irmão mais velho. Inicia-se com alguns suspiros profundos. O barulho da corrente balançando indica que ele se levantou e está se sacudindo. Grunhidos e gemidos agudos e baixos são a introdução que vem antes de seus latidos alertando que alguém ali naquele cômodo está acordado e quer fazer algo que não consegue sozinho. Resume-se em querer-nos para abrir a porta para urinar na rua, ou alimentar-se, mas, na maioria das vezes, ele só quer ter certeza da presença de alguém noutro cômodo, próximo o suficiente para cuidar dele e lhe dar atenção.
É triste perceber quão impiedoso foi o tempo com o meu primeiro cachorro em um período tão curto. Nestas horas acredito cegamente que a contagem dos anos para os cães acontece de modo mais célere. Passaram-se apenas 15 assaltos, e, infelizmente, neste último assalto que vive e luta, meu Boxer encontra-se descansando sobre a toalha que nós jogamos apenas para aquecê-lo, mas que neste momento parece estar tomando outro significado.
J. L. M.
Tudo me ajuda a sentir saudades de Florianópolis, mas meus animais de estimação dão um peso maior ainda! É muito difícil conciliar o 'correr atrás do sonho' com a perda do acompanhamento, de certo modo, da vida de pessoas e seres que amo tanto, tem que ser muito forte mesmo, viver distante de parentes tão especiais e animais sempre tão carinhosos... Vai valer a pena! Aliás, já esta!
Bom resto de feriado a todos, amo muito voces, demais mesmo :)
Tudo me ajuda a sentir saudades de Florianópolis, mas meus animais de estimação dão um peso maior ainda! É muito difícil conciliar o 'correr atrás do sonho' com a perda do acompanhamento, de certo modo, da vida de pessoas e seres que amo tanto, tem que ser muito forte mesmo, viver distante de parentes tão especiais e animais sempre tão carinhosos... Vai valer a pena! Aliás, já esta!
Bom resto de feriado a todos, amo muito voces, demais mesmo :)
















